08/02/2010 - Tolerância à Alergia no Limite.

 

Tolerância à Alergia no Limite.

A causa das alergias que atingem milhares de pessoas no mundo pode estar no seu prato. Alguns alimentos são fortes candidatos a causar inchaço e vermelhidão na pele, assim como falta de ar e até choque anafilático. O leite encabeça a lista, pois é o primeiro a fazer parte da alimentação de qualquer pessoa.

Ovo, trigo, soja, frutos do mar, amendoim e castanhas também causam intolerância com muita frequência, mas os especialistas alertam que, com a mudança de hábito alimentar da população, corantes e conservantes – presentes em boa parte dos produtos industrializados – vêm tornando-se grandes vilões da alergia. Como eles são totalmente artificiais, o sistema imunológico pode encará-los como um corpo estranho. “Isso ocorre devido à perda de tolerância do sistema imunológico a esse produto”, diz o médico chefe do departamento de alergia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Ronaldo Regis Mobius.

Duas em cada dez pessoas, segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia, sofrem de algum tipo de alergia. Embora a respiratória seja a mais frequente, a alimentar tem lotado os consultórios dos especialistas. Mais comum na infância por ser um fator genético – quase três vezes mais que em adultos – a alergia pode aparecer em qualquer fase da vida, independentemente da idade. Um adulto que sempre tenha comido um determinado alimento pode passar, de uma hora para a outra, a ser alérgico a ele.

Reações

Assim como são diversas as causas possíveis das alergias, as reações alérgicas também são muito variadas e podem ocorrer em graus que vão do leve ao grave, causando de edemas (vermelhidão e inchaço) até insuficiência respiratória. O tratamento é feito com medicamento e orientações sobre restrições quanto ao contato com o agente causador da alergia.

Mesmo sem cura, em alguns casos a pessoa alérgica a determinado alimento pode ganhar em qualidade de vida passando por um processo de dessensibilização, quando é oferecido aos poucos à pessoa. “Em crianças alérgicas a leite, por exemplo, colocamos pequenas quantidades por dia nas refeições para que ela possa ir a uma festa e comer algum docinho com leite sem que a reação do organismo seja forte”, ex­­plica a médica Cinara Sorice, presidente da Associação Bra­si­lei­ra de Alergia e Imunologia da Re­­gio­nal Paraná.

Ela diz que a adaptação das crianças à alimentação não costuma ser fácil, por isso requer cuidado especial não apenas dos pais como de outras pessoas que fazem parte da vida social delas, como professores e colegas. O pequeno Ihriel Mosko Pereira, 5 anos, sofre de forte alergia alimentar. Aos 11 meses a família descobriu a doença quando iniciou o desmame e começou com papinhas. “Ele passava muito mal, mas não sabíamos o que era. Quando a mãe dele bebia leite de vaca e o amamentava ele ficava ruim”, conta a avó Sônia Marques Mosko.

Mesmo alérgico, o garoto não se priva de comidas que toda criança gosta, como brigadeiro. Sem poder usar o leite, sua avó e a mãe Simone criaram diversas receitas com ingredientes alternativos, como o brigadeiro que usa alfarroba (um tipo de vagem) e leite condensado de extrato de soja. “Criamos mil e uma receitas. Até hoje ele não teve anemia”, conta Sônia.

Sentindo na pele

Na maioria das vezes um alimento causador de alergias provoca reações cutâneas. Cinara conta que existem pacientes que ficam com o corpo vermelho ao comerem algumas frutas, como tomate, melão, mamão ou melancia. Esse tipo de alergia acontece com mais frequência nos adultos entre 25 e 35 anos. Foi o caso do faturista Daniel Henrique Santana Pinto, de 40 anos, que descobriu aos 34 a alergia à casca do pêssego. Comia a fruta sempre e nunca teve reação, até que um dia passou muito mal. “Meu corpo inteiro ficou vermelho e inchado. Fui direto ao hospital”, conta. Desde então ele faz tratamento, mas não pode nem chegar perto de pêssegos mesmo podendo comer a polpa da fruta.

Longe da poeira

Assim como a alimentar, a alergia respiratória também é em grande parte consequência de hábitos modernos de vida, já que o aumento da poluição do ar contribui para o desenvolvimento da rinite – que chega a atingir 40% das pessoas que sofrem de problemas respiratórios. Depois dela, a asma é a mais comum. O principal impacto da alergia respiratória é a diminuição na qualidade de vida das pessoas. A médica e chefe do serviço de alergia do Hospital Pequeno Príncipe, Elizabeth Maria Mercer Mourão, diz que muitos se acostumam aos sintomas, não procuram um médico e acabam vivendo mal.

Medicamentos, vacinas e limpeza do ambiente fazem parte do tratamento, mas os médicos explicam que muitas pessoas têm resistência em mudar seus hábitos, principalmente quando têm de se afastar de animais de estimação – como gatos e cachorros – por causa de alergia. “A rinite e a asma não têm cura, mas tomar esses cuidados pode fazer com que o paciente fique bem por muito tempo”, explica Elizabeth. Os tratamentos com vacinas levam em média um ano e reduzem a necessidade de medicamentos. Mesmo com preços que variam de R$ 150 a R$ 300 o frasco para dois meses, a longo prazo elas custam menos do que o tratamento medicamentoso.

Outro tipo de alergia respiratória que afeta a população mas é de difícil controle é a causada por pólen de flores. É mais forte na época da primavera, entre setembro e dezembro. De acordo com o médico e chefe do ambulatório de alergia do Hos­­pital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Nelson Rosário, o maior problema enfrentado pelos pacientes que sofrem dessa alergia é que não tem como controlar, já que vem de um ambiente externo.

Cuidado com o descongestionante

Para quem tem dificuldades para respirar por causa do nariz entupido, os descongestionantes oferecem alívio imediato. Mas o que parece uma boa saída pode se transformar em um grande problema. O abuso do medicamento causa dependência, pode desgastar a mucosa nasal e provocar perda de olfato. “O paciente deve usar, no máximo, por cinco dias seguidos. Depois disso começa a ser perigoso. Mas o problema é que a maioria não respeita isso, pois é fácil comprar o medicamento sem receita nas farmácias”, diz Rosário.



Fonte: Gazeta do Povo

Fonte: Gazeta do Povo
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